quinta-feira, abril 07, 2005
SOS - SAUDADE OU STRESS
Estava ela sentada
a passar a mão na cara
enquanto des(esperava)
que a tarde breve chegasse
para alcançar a cancela
que fica do outro lado
pois só aí descansava.
Assim ali estava ela
a escrever nuns papéis
mas sempre à procura dela
enquanto num outro sol
com olhos de passarinho
estava um lindo menino
o seu filho assim como era
a brincar na relva fresca
enquanto os combóios passavam
sem a mamã mas contente
por estar no meio da gente
que faz da vida uma festa.
E ela a pensar naquilo
enquanto escrevia a carta
para a firma do raios partam
a vida que a gente leva.
Lisboa, 22 Março 2005
Com um abraço
António Tropa
a passar a mão na cara
enquanto des(esperava)
que a tarde breve chegasse
para alcançar a cancela
que fica do outro lado
pois só aí descansava.
Assim ali estava ela
a escrever nuns papéis
mas sempre à procura dela
enquanto num outro sol
com olhos de passarinho
estava um lindo menino
o seu filho assim como era
a brincar na relva fresca
enquanto os combóios passavam
sem a mamã mas contente
por estar no meio da gente
que faz da vida uma festa.
E ela a pensar naquilo
enquanto escrevia a carta
para a firma do raios partam
a vida que a gente leva.
Lisboa, 22 Março 2005
Com um abraço
António Tropa
QUOTIDIANO URBANO
Não sei bem se eram gladíolos brancos
num ramo de folhas de cipreste
que a mulher maluca trazia ao peito
para ver de perto o Sr. Presidente.
Com vestido de viúva pintada
e dentes de gente fina decadente
ralhava e batia nos miúdos à volta
que imitavam reportagens e lhe tiravam o retrato.
Depois veio um polícia há muito por ali
mas não foi por isso que as coisas mudaram
as águas do rio de repente escureceram
e o sol tornou-se mesmo uma coisinha de nada.
Então ela mostrou um livro da missa
levantou-o bem alto e cuspiu para as pessoas
uns que tinham razão outros que não devia
ter batido no miúdo um tabefe tão vermelho.
Que ela "coitadinha não tinha nada culpa"
ou então que "era puta pois estava só a mostrar as pernas".
Uns riam outros olhavam outros não diziam nada
outros falavam falavam falavam
só falavam.
num ramo de folhas de cipreste
que a mulher maluca trazia ao peito
para ver de perto o Sr. Presidente.
Com vestido de viúva pintada
e dentes de gente fina decadente
ralhava e batia nos miúdos à volta
que imitavam reportagens e lhe tiravam o retrato.
Depois veio um polícia há muito por ali
mas não foi por isso que as coisas mudaram
as águas do rio de repente escureceram
e o sol tornou-se mesmo uma coisinha de nada.
Então ela mostrou um livro da missa
levantou-o bem alto e cuspiu para as pessoas
uns que tinham razão outros que não devia
ter batido no miúdo um tabefe tão vermelho.
Que ela "coitadinha não tinha nada culpa"
ou então que "era puta pois estava só a mostrar as pernas".
Uns riam outros olhavam outros não diziam nada
outros falavam falavam falavam
só falavam.
NOCTURNO URBANO
I
Assim ficaste de olhos acesos
enquanto a noite acontecia
meio adormecida e quase tua.
Num cabare muito próximo
ou boîte ou lá o que era
uns músicos masoquistas
cantavam pelo ar de chuva miudinha
uma dessas canções parvas
de breves paixões nocturnas.
Um qualquer passou por baixo
do silêncio a vomitar alegria.
Entretanto no quarto
que a tua imaginação tornou mais suportável
o emaranhado azul do sonho os olhos os cabelos.
Pela manhã lavaste-a na pele
embora quisesses ficar
com o seu amor
para sempre.
II
Assim feridos pela noite
e a tristeza de tanto desencontro
parados neste vazio cinzento
sem saber que caminho retomar.
Já não é paixão e encantamento
mas suave pro(cura) do olhar
confirmado só nesse momento.
Por caminhos dantes percorridos
é quase impossível caminhar
assinalados com muitos perigos.
Há um "monstro" invisível que devora
a nossa possibilidade de mudar
e encontrar o que tanto se procura.
Assim ficaste de olhos acesos
enquanto a noite acontecia
meio adormecida e quase tua.
Num cabare muito próximo
ou boîte ou lá o que era
uns músicos masoquistas
cantavam pelo ar de chuva miudinha
uma dessas canções parvas
de breves paixões nocturnas.
Um qualquer passou por baixo
do silêncio a vomitar alegria.
Entretanto no quarto
que a tua imaginação tornou mais suportável
o emaranhado azul do sonho os olhos os cabelos.
Pela manhã lavaste-a na pele
embora quisesses ficar
com o seu amor
para sempre.
II
Assim feridos pela noite
e a tristeza de tanto desencontro
parados neste vazio cinzento
sem saber que caminho retomar.
Já não é paixão e encantamento
mas suave pro(cura) do olhar
confirmado só nesse momento.
Por caminhos dantes percorridos
é quase impossível caminhar
assinalados com muitos perigos.
Há um "monstro" invisível que devora
a nossa possibilidade de mudar
e encontrar o que tanto se procura.
A FUGA
1. Agora já andam na escola.
Os meninos aqui as meninas ali
porque os grilos não são a mesma coisa que
as cantarinhas.
2. Tarde esqueceram tais palavras.
3. A rapariga esteve com o namorado e
levou naquelas trombas
pelo tempo que perdia.
4. O pai não queria por ali
aquele vagabundo sem mais nada.
Correu com ele lá de casa.
5. Pelos caminhos
a primavera entrava pelo corpo
ardia.
O rapaz não se conformava
com o calor das mãos
e das searas.
6. Fugiram os dois um dia e
nunca mais voltaram.
Os meninos aqui as meninas ali
porque os grilos não são a mesma coisa que
as cantarinhas.
2. Tarde esqueceram tais palavras.
3. A rapariga esteve com o namorado e
levou naquelas trombas
pelo tempo que perdia.
4. O pai não queria por ali
aquele vagabundo sem mais nada.
Correu com ele lá de casa.
5. Pelos caminhos
a primavera entrava pelo corpo
ardia.
O rapaz não se conformava
com o calor das mãos
e das searas.
6. Fugiram os dois um dia e
nunca mais voltaram.